quinta-feira, 6 de novembro de 2025

A hipocrisia, a má-fé, a boa-fé.

A má-fé e a boa-fé se distinguem da hipocrisia.

A má-fé é intencional, aquele que assim age o faz de propósito para prejudicar alguém, o engano produzido pode levar a consequências desastrosas, por exemplo, perda de emprego de um colega, constranger alguém nas redes sociais, dar falso testemunho. São atos com sérias consequência, mas que podem ser revertidos.

A ação de boa-fé, às vezes confundida com uma ação ingênua, revela, ao contrário, firmeza de caráter, correção, atenção, cuidado.

Pois bem, o hipócrita não age nem com má-fé, nem com boa-fé. O hipócrita é o rei do disfarce, leva os outros a  crerem em seus princípios morais, religiosos, éticos, políticos, que ele é um excelente cidadão, que sua pessoa está sempre aberta para ouvir e acolher a todos, sem distinção. Ele ostenta os louros do bom caráter, ele nunca mente, nunca engana, que seu caminho é o do bem, que os outros é que não o compreendem, que sua fé é legitima, que a fé alheia precisa de comprovação. 

Ao ser contestado, o hipócrita lança mão de subterfúgios, ignora argumentos ou a ação daqueles que expõem suas atitudes e valores à luz dos fatos, da razão, da moral. Ao recobrir mau carácter com um manto de santidade ele convence os incautos ou aqueles que comungam de seus pontos de vista. De frente se mostra cordato, simpático, pronto para angariar a confiança, ganhar votos, distribuir favores. Por trás ele sabe perfeitamente que engana, que ludibria, que seu discurso é lustroso, facilmente enganador, consegue com sucesso explorar os de boa-fé.

O hipócrita convence e engana pessoas que costumam agir de má-fé? Sim, pois seu discurso é de tal modo venenoso,  astucioso, ele se disfarça em pele de cordeiro tão bem que mesmo pessoas mal intencionadas caem na armadilha de suas palavras doces, impregnadas de cunho moralizante, discursos que o hipócrita muda conforme as circunstâncias, de acordo com as conveniências.




A hipocrisia resulta em desconfiança nas instituições, a sociabilidade fica comprometida. O hipócrita, matreiro, assim raciocina: o momento político pede que tipo de ideia, quais atitudes, que decisões convém tomar? Feitos esses questionamentos, ele se pronuncia, expõe, sem pudor suas decisões, ganha publicidade. Seus adeptos o aplaudem. Os de boa-fé são ludibriados.

Dá prestígio mudar discursos, apoiar causas nobres, isto é, aquelas que dão poder, evidência, publicidade, seguidores em redes sociais. Para que comprovar, de que servem compromissos se representar papéis dá resultado? Se o momento pede engajamento em causas ecológicas, e se é possível ignorar os reais prejuízos ao meio-ambiente, por que não aproveitar a chance de erguer essa bandeira? Se ganhar como garoto propaganda de banco prejudica a imagem, que tal aderir à causa religiosa? Usar termos fortes, acusadores, impactantes, é mais fácil e rápido do que analisar situações e apresentar soluções. Simular faz milagres.

Será que um dia a casa cai?