domingo, 14 de setembro de 2014

A idade da razão

O título acima não se reporta ao romance filosófico de J.-Paul Sartre. Trata-se de analisar uma questão, a do aprendizado da responsabilidade, da independência e da autonomia das pessoas na evolução de suas vidas.

Algumas crianças, desde cedo, 7 ou 8 anos, iniciam esse processo de entender que são responsáveis pelos seus atos. Outras pessoas demoram mais, muitos adolescentes são dependentes do abrigo paterno, da tolerância com pequenos atos reprováveis. Alguns exemplos: pichar a propriedade alheia, faltar a compromissos, lançar fotos e mensagens nas redes sociais comprometedores, jogar lixo na rua, desrespeitar horários de silêncio em condomínios. Daí a jovens e adultos que cometem pequenos delitos sem noção de culpa ou de responsabilidade, é um passo.

Imagine-se então a responsabilidade, autonomia, senso crítico no terreno político e social. Pouca ou nenhuma leitura séria para informação fidedigna, as decisões são tomadas aleatoriamente, vão, como se diz "na onda", ouvem o canto da sereia e não fazem como Ulisses, resistem ao encantamento. Pelo contrário, embarcam na canoa do personagem da moda, do time campeão, do político carismático e falastrão, mas extremamente cativante, do herói ou heroína do momento. 

Analisar, pensar, informar-se, isso tudo dá trabalho, cansa. Seguir o chefe ou os ídolos aclamados é muito mais fácil.

Até mesmo a escola favorece esse tipo de comportamento por meio de conceitos e palavras de ordem digeríveis, como abaixo o capitalismo, a propriedade privada é um roubo, a classe dirigente ("as elites") querem tomar o poder e prejudicar os oprimidos. Esse discurso, penetra as cabeças, impede de olhar as diversas e diferentes perspectivas da história social e econômica cujos fatores são múltiplos: processo de industrialização, infraestrutura, importação, exportação, distribuição da riqueza, índices de desenvolvimento, o fator crucial que é educação, entre outros.

Apenas se repetem velhos chavões: bancos visam o lucro e o lucro é pernicioso, privatizar é roubar, é crime ser gay, ateu, etc.

O incrível é que todos querem bens que são produzidos (sem capital e lucro impossível produzir, distribuir e vender), desde o melhor automóvel, casa, celular até as roupas de grife. A maioria desses pregadores é hipócrita, pena que na multidão a hipocrisia vence pois os hipócritas e pregadores convencem!



O uso da razão, em especial nesta eleição para presidente, deu lugar à mentiras, ao convencimento, à propaganda, duas candidatas que se unham uma à outra e nenhuma das duas parece ter chegado à idade da razão. Uma quer se manter no poder para continuar a acobertar seu chefe. A outra passa a imagem de incorruptível, defensora do país, mas está mais para líder religiosa ou militante em Ongs.
Tantos interesses escusos, mas a maioria não pensa. Há também o medo de expor suas ideias e contrariar essa maioria. E os detentores do poder sabem disso.