domingo, 28 de julho de 2013

Tirem as máscaras!

É lamentável que os protestos venham degenerando em bagunça, violência, ataques ao patrimônio público e privado.
Como seria a vida em sociedade sem bancos funcionando, sem sinais de trânsito, com lojas depredadas?
Por que até agora a polícia não prendeu os que merecem, interrogou-os para saber qual é a intenção dos vândalos, de onde eles vêm, quem são esses mascarados covardes, por que não pagam pelos seus crimes?
Será que não perceberam (ou perceberam e são de alguma forma instigados por algum tipo de autoridade) que infiltrados nos movimentos legítimos provocam resultado oposto, isto é, a perda de apoio da população?
É urgente criar um movimento que os denuncie, arrancar a máscara, inclusive a do famoso sorriso, que já cansou, e mostrar a cara.
Mostre a sua cara ou caia fora, essa deveria ser a palavra de ordem!
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E que dizer dos protestos durante e em meio a visita do papa Francisco?
Falta de respeito pelo outro, pelas posturas e crenças de cada religião, por movimentos que engajam multidões e têm tradição internacional. 
Quando há discordância, ela pode e deve ficar explícita por meios que possibilitem responder, argumentar e não forçar a barra!
A "Marcha das Vadias" tem hora e lugar próprios para surtir o efeito desejado, que é o protesto das minorias sexuais, a denúncia da violência contra as mulheres, o direito de se vestir conforme seu gosto e não segundo normas sociais padronizadas.
Até aqui, tudo bem.
Mas promover a destruição pública de estátuas choca, revolta, pois é em ambientes de fé que elas são expostas. Isso lembra fanáticos de certos cultos que invadem igrejas para quebrar imagens.
Ridículos!
Qual é o efeito? Nunca o de crítica social, moral e ética, e sim o efeito deletério da falta de respeito pelo outro, sua crença, sua religião, seus valores.
Protesto justo é aquele em que se defende um direito, um valor, um modo de vida quando atacado.
Protesto justo é aquele em que se denuncia governantes relapsos, corruptos, acomodados no conforto do poder.
Protesto justo é aquele em que se luta por representação, por direitos legítimos que a maioria, habitualmente silenciosa, reivindica. A voz da sociedade precisa e deve ser ouvida.
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Denunciem os covardes baderneiros, pois, aparentemente, a polícia "protege" o protesto pacífico e só aparece após o fim do vandalismo. Esquisito, não? 

sábado, 13 de julho de 2013

Deixem Nietzsche em paz!

Há uma exploração indevida e inapropriada da filosofia de Nietzsche. Em especial a literatura de autoajuda considera que o filósofo da transvaloração dos valores pode ajudar a eliminar o stress!!!
As propostas de Nietzsche jamais poderiam ser usadas para aliviar o cotidiano de trabalho e de incômodos próprios a nossa sociedade. Trata-se de péssima literatura, que distorce noções básicas do filósofo apenas em proveito de um mercado que se expande a olhos vistos.
Eis algumas das relevantes contribuições de Nietzsche para pensarmos a filosofia, a vida, os valores e o destino humano.
As concepções filosóficas tradicionais inventaram categorias que se opõem entre si, como o devir dialético da história, vir a ser e nada, progresso e bem-estar. Essas "múmias conceptuais" impõem sentido a tudo, como a noção de causalidade, quando não passam de pressupostos metafísicos da linguagem.
Nietzsche admirava os "espíritos livres", abominava o espírito gregário, de rebanho, dos que se deixam conduzir, pois é fácil aceitar guias prontos (como os manuais de autoajuda....). Coragem, força, sem instinto gregário, auto-criação de tipos renovadores, inspiradores, que conseguem encontrar alegria como a do riso infantil, que possam contemplar do alto a paisagem, que criem seus valores sem necessidade de código moral. E isso sem pressão externa, sem modelos prontos, com autonomia.
Não há um estado final das coisas, nem prêmio nem castigo, há o jogo da vida como uma dança à beira do abismo.
Nietzsche enfrentou até mesmo o niilismo. O niilismo budista, passivo e pacífico, e outros niilismos (apesar de admirar escritores russos como Dostoiévski) podem ser confrontados pelo espírito livre de um Zaratustra ou de um deus mitológico dionisíaco. 
O filósofo fala ao corpo, aos ritmos da música, à dança. Ao mesmo tempo exige de si o máximo de força e coragem contra o ideal de felicidade do homem medíocre.
Vontade de poder resume seu pensamento, ela alimenta o jogo, a luta, percorrer novamente os desvãos da história para mostrar a emergência, entre outras determinações, da consciência moral e do ressentimento. Impedidos de alçar ao topo e ver com seus próprios olhos, os líderes da fé inventaram a consciência moral, são ressentidos, quer dizer, preferem a culpa à grandiosidade, consideram meritoso o que baixa a cabeça e diz amém a tudo.

"O homem que se tornou livre, e ainda mais o espírito que se tornou livre, calca sob os pés a desprezível espécie de bem-estar com que sonham merceeiros, cristãos, vacas, mulheres, ingleses e outros democratas. O homem livre é um guerreiro. Segundo o que se mede a liberdade em indivíduos como em povos? Segundo a resistência que tem que ser superada, segundo o esforço que custa permanecer acima (...) É preciso ter necessidade de ser forte, liberdade, algo que se tem e não se tem, que se quer e que se conquista" (Crepúsculo dos Ídolos).
Difícil e complexo filósofo! Atenção mulheres, inclusive com aspectos hoje inaceitáveis, como a misoginia.